Perdi as horas no dia em que fui flôr, brinquei de menino, cobri de lembranças os dedos enquanto acariciava as coxas num friccionar de levante, eram ordas inteiras a por em assalto minhas pernas, eram dedos de cravo estourados, vermelhiços e enervados quando por vezes sacudia sem destino o leçol amanhecido de meu corpo por sobre as vertigens dessa tarde cinza reluzida na prata da calamidade escondida de meu sono.
Eram cigarros atrás de cigarros drenando a ansiosa melancolia de minhas horas gastas em rosnar para o teto, em cobrir de espasmos as frestas e reverberar nas goteiras uma dança colérica, uns pés rasgados, uma saudade devota e um grosso escorrer por entre as frinchas. Ventura errática coibida na ânsia de poder um pouco, querer um pouco, amar um pouco, e tudo isso permanecendo na mesma posição de planta, alucinando móveis em desavença, titubiando nas clareiras devastadas de minhas idéias, roncando no chiar dos eletromésticos em perseguição. sem cor e ventando forte.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
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