sexta-feira, 18 de junho de 2010

Perdi as horas no dia em que fui flôr, brinquei de menino, cobri de lembranças os dedos enquanto acariciava as coxas num friccionar de levante, eram ordas inteiras a por em assalto minhas pernas, eram dedos de cravo estourados, vermelhiços e enervados quando por vezes sacudia sem destino o leçol amanhecido de meu corpo por sobre as vertigens dessa tarde cinza reluzida na prata da calamidade escondida de meu sono.
Eram cigarros atrás de cigarros drenando a ansiosa melancolia de minhas horas gastas em rosnar para o teto, em cobrir de espasmos as frestas e reverberar nas goteiras uma dança colérica, uns pés rasgados, uma saudade devota e um grosso escorrer por entre as frinchas. Ventura errática coibida na ânsia de poder um pouco, querer um pouco, amar um pouco, e tudo isso permanecendo na mesma posição de planta, alucinando móveis em desavença, titubiando nas clareiras devastadas de minhas idéias, roncando no chiar dos eletromésticos em perseguição. sem cor e ventando forte.