quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

cedo ainda

É tão tarde já, era tão tarde já. Não. Foi tão tarde já e sempre será tão tarde. Já. Sempre esse final de tarde, esse entre quatro e seis. Nem quatro nem seis, mas esse entre. Esse cinco funâmbulo que passa e agente nem percebe o que vê. E esse final de chuva, um final de chuva ainda não findado, pingando ainda, arrastado, escorrido - momentos antes de estancar. Não duas horas como antes, duas horas estancando é tempo demais, um quarto disso, menos, menos que um quarto disso, mas que não chegue a ser um oitavo. Um oitavo não. Para compor, o sol naquele ângulo, aquele simulacro de luz de velas. Luz de velas para espaço aberto, não sei calcular, o suficiente, o tanto pra formar o claro daquele ângulo, ângulo pré-estanque, entre quatro e seis. Aquilo que ali sucede, aquela calma de nuvem a rendar o céu todinho. Rendamistério. Não fechada, renda frouxa, com fundo de espaço para o translúcido. Rendacabrocha, anca que ofereçe sem sem dar. Nuvemanca. Tramada ponto a ponto qual palavra. Tramada não que parece precoce, carente de força, necessitada de resguardo. Mais gingada, mais verônica, mais vestida de coragem, de ruge. Um pouco antes talvez, verdor ainda. É, talvez, parece sim precoce, mas sem horadez. A terra feito mar fazendo onda, tudo vibrando, morroonda prestes a quebrar. Precisão de pomba. Sem honradez denovo. Pomba, coisa sem glória, avejosé, indiferente mas alí, coisa que vive, que está. Vegetação nenhuma, não. Relvapele sim, nativa, coisa cerrada, dificultez de caminho, mas quente, próspera. Dia-a-dia afinco alí, antiga coisa, mas precoce também, é precoce.
Aquela hora clara em neve claro ainda o morro em onda precoce ainda. É precoce. Sem cálculo, primitivo ainda, precoce, sem visgo ou tenacidade, meio mole ainda, pedradeareia, farelento, falta de liga.
É, precoce de mais pra pintar.