segunda-feira, 13 de junho de 2011

Não existe mais morte no mundo. É tudo permanência, ploriferar de ditos e feitos. Não há mais tempo pra morte no mundo. É tudo tão novo e sempre mais novo que a velha senhora embotou, não veio. Nem se ouve mais o alarido remoto dos caixeiros viajantes de alma, não me aturdem mais com suas ladaínhas os comerciantes do agora. É tudo tão sôfrego. Tudo que é fresco se arrasta, o novo não estala mais de partida. Fagulha cansada de se saber jamais morta. A morte perdeou o tempo, saiu de feriado um dia desses para ver o horizonte e confabular com o marulho espumoso do mar e perdeu a hora. A morte descansa esquecida. A morte não quer mais labuta, abandonou os homens e se espreguiça ao sol quiçá em uma praia deserta. Dessas de cartão postal que ninguém conheçe mas todos supiram. A morte despreocupou e o homem, se julgando venturoso, dela não espera notícia nem retorno. A morte até cansou de ter os pés pra cima, na saída deixou a porta aberta e dela roubaram todos os pertences. A morte foi esquecida, rompeu com a lembrança e nem rastro de pesar deixou. A morte retirou-se.

Nenhum comentário:

Postar um comentário