domingo, 24 de janeiro de 2010

o que me acompanha?

Absorto e tolo equaciono a chegada como quem desconhece o cálculo da partida. Ando, eu sei que ando. Mesmo que por horas dance e alhures me desenvolva em ritmo indefinido, sei que me movo.   Eles todos, e ainda outros que não vieram são todos movimento, e desde o eterno ontem que não reconheço a ossatura angulosa do crânio pendente a boca aberta.  Movem-me.  
A boca um fosso aberto a todo e qualquer delgado húmus,  rosso e largo se me tomam a língua sou todo crível porém indecifrável.
Que concha tosca se me encobre? que jorro grosso visgo se me cobre a ternura do corpo?
Não suo apenas quando me banho, e me encharca o ventre as caudalosas vias da noite por onde deambulo rouco de clamar calor. Que se me evaporassem os líquidos todos, não salda nem a salinidade dos ossos.
Parco, diluído, o entorno torna a agir sobre esse copo/corpo.
Pois se me arrancam as pernas continuo andando.

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