segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"Como umas e outras, assim." Disse em tom resoluto, quase soluçado, como quem escapa. Ela pendeu um pouco a cabeça - tão seu aquele movimento que se lhe reconhecia em outra perdia a angulação, e tropeçava em si. Desferindu as últimas falas enquanto saia pela coxia. Algumas atrizes comportam-se assim, não satisfeitas com os brocados e a maquilagem - a nudez toda; saem espalhando cacos verborrágigos, agarrando-se as cortinas, quebrando um pouco mais o quadril. "É isso o irritável, o passível de figuração. Não como quando enclinas a cabeça". Era inútil sua tentativa de fazer com que ela, quem sabe assim - por associação de memóriapele, soubesse que dele nascera a cisão. E que nem ela, o ângulo, a luz ou a retina líquida
(precoce)
nem os recibos que acumulara na carteira esses anos todos. "Que o que se evita agora, nessa linha repentina, é o queixume. As lazarentas noites de silêncio ensudecedor, o cozinhar o dia, o requentar a noite".
As palavras se atropelavam, ele disse "fique aí". Foi isso? essa é a deixa? Um gole d'água mais uma troca de roupa, "Sobe o zíper pra mim querido", por favor.
O carro já está la fora.
"Faz a cena final por mim."

Nenhum comentário:

Postar um comentário