Que eu me perca
Que sejam longas as noites, tudo isso
não espero. É decorrido,
já apropriado no correr
das horas, cotidiano,
previsto.
Agora que eu sofra e tu não,
isso é coisa maldita, grito
inaudito.
Perigo, registro perdido,
o mar a engolir as docas.
Era tudo isso e mais a lua a verter aos montes.
Corre agora, é
o que dizem, que tuas janelas
estão abertas.
Que o sol te visita.
Que notícia fingida,
se te imagino enlutada, o sol
batendo nas tábuas, e o rangir
da cadeira de balanço.
Mas tudo isso são ficções, relevo plano de rasura.
Levanto da cama
e deixo o poema. É na rua
que me sinto, e nela a vida
se encerra. Encontrada
a encruzilhada a coreografia
é certa.
Preciso o verbo, já se faz
dividida a conta.
Que tu sofras, que eu me quite.
sábado, 22 de janeiro de 2011
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