sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Te sabia justo, ali, a estudar a métrica das palavras
te sabia sonoro curvo em teu silêncio encrespando as horas
te sabia latente em me saber ali sabendo que te via

Já não eram horas de sono estas a estar te vendo
e velado já via tua postura de pedra, calciginada
te via impenetrável mesmo sob as frestas
não corria alí mais nada e te sabendo assim estacionei na vista
e o que via já não juntava

Sabia que te ver era isto, uma passagem por entre os trincos do passado
certa ferrugem impregnada que corroi tudo e mancha as vestes, um nó na madeira se fazendo mais escuro
um saber poeirento de ver não mais que a vista de um coxo distante em meio ao campo

e eu como vaca a ruminar o tempo

e mesmo te vendo e sabendo, ali já eu não estava
e minha lingua bovina já não salivava para acordar o estômago,
a fome não se sabia sedenta ao saber tal vista

Que sabia eu de saber te ver como via
que sombra contrangida me serviu de paragem e descanso
que trote é esse em estar parado te vendo?

e dalí não saía pois mesmo sabendo te ver assim não sabia se te via.

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